sexta-feira, 25 de novembro de 2011


“Ela voltava sozinha, quando sentiu, de repente, um ar fadigado e apressado às suas costas. Virou-se, com medo. Sem pensar duas vezes, atirou-se a perguntar:

- Qual o problema?
- Nenhum.
- Porque a pressa?
- Tenho pressa de viver, garota. Não questione.
- Pressa de viver? Desde quando precisa de pressa para a vida, rapaz? Não seja grosso, só queria entender, parece estar mal.
- Entender coisas que não são da sua conta? Desculpe, mas não precisa.
- Nunca disse à ninguém que eu só fazia as coisas que eram precisas.
- E eu nunca disse à ninguém que precisava de ajuda.
Ele ainda apressado, continuou. Seguiu reto, sem olhar para trás, parecia triste, e como todo bom homem, fiel ao seu gênero, tentava segurar o choro e descontar em tudo que via na frente. Ela o entendeu. Deixou-o. Talvez não fosse algo tão grave, mas se fosse, Alguém melhor cuidaria daquela respiração cansada e insistente. Apenas falou num tom claro, porém não alto:

- A vida não precisa de pressa, rapaz, a pressa é inimiga da perfeição.

Ele virou-se, parou por um tempo, olhou em seus olhos e não mais piscou, avistou um pouco as estrelas, observou a rua. Ela ainda estava longe, os passos do rapaz eram grandes e com a pressa, distanciaram mais os dois. Então, mesmo de longe, ele sorriu e disse:
- Mas foi na pressa que conheci você. […]”

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